Cansaço pode ser doença

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Quando a moleza persiste por meses e vem acompanhada de sonolência e dores, alguma coisa mais séria está tomando conta do corpo. Descubra por que os médicos estão redefinindo a canseira crônica

A questão que intriga os cientistas (e os pacientes) é de onde brota o cansaço sem fim. Uma das hipóteses mais aceitas diz que a doença, de base genética, está ligada a falhas no eixo que liga o sistema nervoso à fabricação de alguns hormônios, como o cortisol, que coordena nossa reação ao estresse. O psiquiatra Mario Francisco Juruena, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, explica que o baixo nível dessa substância faz com que metade dos portadores de fadiga crônica apresente também um quadro de depressão atípica. “Além do desânimo, ela vem associada a compulsão por doces e outros alimentos de alto teor calórico, sedentarismo, sono excessivo e alta sensibilidade emocional”, descreve o especialista, que passou seis anos investigando o tema na Inglaterra.
Uma curiosidade da condição, que afeta ligeiramente mais mulheres do que homens, é que muitas vezes ela se manifesta após uma infecção por bactéria ou vírus, especialmente o da gripe. Os sintomas comuns (febre, coriza, dor de garganta…) vão embora, mas ficam de presente a canseira e a falta de ânimo. Só que não dá pra responsabilizar apenas agentes microscópicos pelo revés. Há todo um cenário psicológico que favorece a doença do cansaço. “Muitos pacientes passaram por uma grande situação de estresse na infância, como a perda de entes queridos, maus-tratos físicos ou abuso sexual”, conta Juruena.

É por essa razão que atualmente o tratamento do problema não depende só de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos e de suplementos vitamínicos. Costuma cobrar também sessões de psicoterapia. “Ainda não se fala em cura, já que não conhecemos todos os fatores que determinam a síndrome, mas seus sintomas são tratáveis e é possível garantir a qualidade de vida”, afirma a psicóloga Rafaela Teixeira Zorzanelli, professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Outra medida que desponta com bons resultados é a chamada terapia do exercício gradual (GET, na sigla em inglês), um programa de atividades físicas personalizadas. Um estudo recém-publicado por cientistas britânicos na revista médica The Lancet Psychiatry mostra que vencer o medo de se movimentar e aderir devagar, devagarinho aos exercícios podem responder por até 60% de melhora no tratamento. A GET começa com pequenos movimentos (sentar-se na cama e se levantar, por exemplo) e evolui para uma modalidade mais consistente, como caminhadas leves.

E é exatamente isso o que Maria Helena está fazendo — com sucesso, diga-se. “Conseguir andar na praia aqui perto de casa é a minha maior conquista. É como se eu começasse a viver de novo”, comemora. Combinar acompanhamento médico, certos remédios e programas que trabalhem a mente e o corpo parece ser o plano perfeito para vencer a luta contra essa doença misteriosa e extenuante por natureza.

Muito além do fim do pique

Conheça os sintomas da síndrome da fadiga crônica, condição que pode mudar de nome em breve. O indivíduo se enquadra nela se apresentar pelo menos quatro dos sinais listados abaixo num período igual ou maior que seis meses

  • Cansaço persistente e sem que ele seja resultado de um grande esforço
  • Dificuldade de concentração
  • Perda constante de memórias recentes
  • Oscilação de humor entre tristeza e euforia
  • Estresse e ansiedade crônicos
  • Sonolência diurna
  • Dores musculares pelo corpo sem causa aparente
  • Dores nas articulações (sem evidência de artrite)
  • Dor de cabeça intensa
  • Fadiga insuportável após esforço físico
  • Inchaço nos gânglios linfáticos
  • Inflamação na garganta

    A fadiga também pode ser sinal de:

    Hipotireoidismo

    O déficit na produção dos hormônios da tireoide afeta todo o metabolismo e gera uma tremenda leseira.

    Insuficiência cardíaca

    O coração perde a capacidade de bombear o sangue e o corpo carece de oxigênio e nutrientes.

    Diabete

    Além da desidratação provocada pela perda de urina, as células não recebem glicose direito – daíadeus, energia!

    Depressão

    As alterações químicas no cérebro interferem no sono, no humor e na disposição física e mental.

    Apneia do sono

    Marcado por interrupções na passagem do ar, o distúrbio rende uma baita canseira diurna.

Fonte: mdemulher.abril.com

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