Desvelando felicidade aos oitenta

Comecei a viver experiências libertadoras, que venho conquistando nesse caminho. Essa liberdade ajustou-me fisicamente às limitações: criei minhas regras, fazendo o que quero, do jeito que posso. Instalei-me na tranquilidade

Foto: Arquivo Pessoal
Márcia Alcântara. Médica e escritora.

Da última vez, varamos a noite discutindo a vida. Rita me perguntou: “Como é que você está vivendo com as limitações dos 82 anos? Mais quatro doenças crônicas e um câncer recente na língua?” Respondi prontamente: “Feliz, bem feliz!” Rita encarou-me com olhos arregalados de espanto e disse: “Você está mentindo.”

“Estou não. Sei que a sociedade ocidental tem sido cruel para com os velhos. Sofremos descasos como se fôssemos objetos maleáveis ao gosto dos mais jovens, instituições e família.

Simone de Beauvoir afirmou no seu livro ‘Velhice’: ‘Para nossa cultura, o velho é o outro,’ indefinível, distinto, portanto, um desconhecido nosso.”

O que fiz para encontrar felicidade nesse contexto opressor dos velhos foi percorrer a construção da minha identidade e da minha essência. Refleti sobre o ser em si e o ser para si sartriano. Aí palmilhei meu próprio ser até a existência real dos fatos que me formataram, quase sempre gostando, olhando e vendo o outro, e o aceitando. Aí já vislumbrei felicidade.

Da infância ao dia em que, como médica, parei de clinicar, graças aos pontos cruciais de minha corporeidade e existência octogenária que descortinaram minha finitude, quis conhecer mais.

Na infância, vivi a liberdade na casa da minha avó. Na adolescência, havia tensão e opressão. Era ignorante em: sexo, beleza do corpo, cheia de pensamentos vazios. Só obedecia a ordens. A sociedade me escravizou com questões para ter respostas ditadas por ela própria: “Vai ser o que na vida? Já tem namorado? Quando vai noivar? E se casar? Vai ter filhos?” Sucumbi a tudo, sem tempo para pensar. Vivi assim, a idade adulta e a primeira etapa da velhice, sabendo pouco o que eu era e o que queria da vida, muitas vezes sentindo-me bem infeliz.

Então escrutinei a minha vida. Descobri: fiz o que foi necessário ao bem comum: ao meu e ao do outro. Vi a finitude como um clarão brilhante que me fez reconhecer o eu em mim e para mim nesse fim. Ganhei a liberdade radical, desgarrei-me das algemas sociais.

Com essa ciência, comecei a viver experiências libertadoras, que venho conquistando nesse caminho. Essa liberdade ajustou-me fisicamente às limitações: criei minhas regras, fazendo o que quero, do jeito que posso. Instalei-me na tranquilidade, aposentei o futuro, vivo o momento.

Creio que não precisaria da pressão social, nem de nada para que cada um de nós tivéssemos octogenarice rica de paixões, amores mis à família e amigos e a si próprios. É para ser assim.

Rita me olhou, abraçou-me e disse: “Vamos caminhar!”

Fonte: https://mais.opovo.com.br/jornal/opiniao/2024/07/07/marcia-alcantara-holanda-desvelando-felicidade-aos-oitenta.html

Publicado O povo 01:00 | jul. 7, 2024

Fisioterapeutas do Pulmocenter destacam o exércicio da profissão.

ELAS INTEGRAM a equipe do setor de reabilitação pulmonar do Pulmocenter, um centro de saúde criado pela médica Márcia Alcântara e atualmente sendo referência no tratamento para os muitos que sofrem as consequências da Covid-19. Falamos das fisioterapeutas Ana Cláudia Cordeiro Xavier, Márcia Cristina de Melo Ribeiro e Williane Ferreira Cordeiro (foto).

Na opinião delas, “a profissão de fisioterapeuta destaca-se hoje pela diversidade de não se limitar apenas ao aspecto clínico, mas também ao bem-estar psicossocial dos pacientes. O cuidado e a atenção dedicados pelos fisioterapeutas causam um impacto significativo no aspecto físico e emocional de cada paciente, ajudando-os, muitas vezes, a enfrentar os desafios de suas condições de saúde com otimismo, confiança e desempenho das suas atividades na vida diária, especialmente quando se trata de fazer os pulmões funcionarem melhor”.

+ Leia mais na coluna da jornalista Lêda Maria no OP+.

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A jornalista, poeta e escritora Lêda Maria escreve sobre política, cultura e sociedade.

Fonte: https://mais.opovo.com.br/colunistas/leda-maria/2023/08/15/avenida-dom-luis-tera-o-maior-complexo-de-saude.html

Márcia Alcântara: O alvará de Deus

Há, atualmente, uma onda tsunâmica, de pedidos da ajuda de Deus, apelando a Ele por quase tudo: desde a cessação de dor de uma unha encravada, à conquista pelo Brasil da Copa ou a vitória nas últimas eleições

Na Wikipédia, alvará é documento, ou declaração governamental que nos libera a praticar atos, de caráter jurídico, como o alvará de soltura que liberta um preso da cadeia. O desse artigo, é metafórico, originário da Bíblia, pois Deus declarou: “Podes escolher segundo tua vontade, pois te é dado” (Moisés 3:17).

Deus nos deu o que seria nosso livre arbítrio, para nossas escolhas pessoais, sendo assim capazes de nos auto cuidarmos em todos os sentidos. Por que pedir quase tudo a Ele? De problema pessoal ou coletivo, pequenas e grandes dificuldades, passa-se a Deus: “Ponho tudo da vida nas mãos de Deus”. Diz-se comumente.

Se Ele nos deu poderosíssimas ferramentas na criação (Genesis 1): corpo, mente, inteligência e consciência, para vivermos como queiramos, que descubramos e percorramos nossos caminhos, vencendo por nós mesmos todos os obstáculos que surjam ao nosso viver.

Há, atualmente, uma onda tsunâmica, de pedidos da ajuda de Deus, apelando a Ele por quase tudo: desde a cessação de dor de uma unha encravada, à vitória do Brasil na Copa, ou a vencer as últimas eleições, e ao perdê-las, quererem anulá-las, inconformados, a ajoelharem-se nas portas dos quartéis, pedindo a Deus um golpe militar.

Pior ainda, é ter Deus acima de todos, João 3:31: “Quem vem das alturas está acima de todos”, usado e aclamado slogan governamental brasileiro, pelo mandatário do País, promovendo práticas das mais desumanas: permitiu mortes de mais de seiscentos mil brasileiros receitando remédios ineficazes contra a Covid-19, disseminou a doença mortal pela recomendação de não usar máscara, muito menos se vacinar, permitiu destruição maciça da natureza florestal amazônica! Tudo em nome de Deus acima de todos.

Nesse contexto, lesa-se claramente o segundo mandamento de Deus (Êxodo -20:7): “Não tomar o Santo nome de Deus em vão”, sem escrúpulo nenhum, e ainda se dizem crentes em Deus. O ideal é deixar Deus no Seu descanso a fim de conduzir a humanidade por Suas leis e até admitindo as de Darwin usando: do nosso corpo, a força, da mente, o equilíbrio, da inteligência, a cognição e o raciocínio lógico, até nossa consciência.

Não precisamos pedir nada a Deus. Ele já nos deu o alvará para vivermos como queiramos, sem nos escudarmos em Sua Grandeza

Márcia Alcântara
Articulista

Fonte: https://mais.opovo.com.br/jornal/opiniao/2022/12/16/marcia-alcantara-o-alvara-de-deus.html

Márcia Alcântara: A pira e o pódio das vacinas

Por Márcia Alcântara

No Dia de Finados, o arcebispo do Rio, Dom Orani João Tempesta, rezou por mortos pela Covid-19 e acendeu uma pira, que só será apagada quando houver uma vacina contra a doença e a chamou de: “Chama da Esperança” (O Globo 2/11/2020), num apelo claro à ajuda divina para se ter uma vacina que vença a prova da segurança e eficácia contra o Sars-CoV-2.

O significado de pira diz que é local em que se submete algo à prova. A “Chama da Esperança” seria então para a chegada de uma vacina que, submetida às provas, seja segura e eficaz aos brasileiros contra essa doença.

Entretanto, a pira do Rio pode também evocar a corrida dos candidatos ao “pódio” – aqui representado pelo Palácio do Planalto, nas eleições de 2022. Para esse feito não se requer preparo olímpico, nem cientistas ou laboratórios, mas sim um linguajar e ações de uma mediocridade e ludíbrios desabonadores para com os reais valores das vacinas em produção no Brasil. Na corrida torpe, há quem se deixe fotografar elevando a vacina chinesa como um troféu, como fez João Dória – governador de São Paulo (16/10/2020 – Gazeta de São Paulo) e há o presidente Jair Bolsonaro que imprime uma onda de insegurança quanto ao real valor que será se vacinar, declarando não ser obrigatória e dizendo em entrevista à Rádio Jovem Pan,( 21/10/2020), que: “A da China, nós não compraremos, é decisão minha”. Com isso, o conflito já se instalou nas pessoas e, certamente, levará às baixas adesões ao programa vacinal, consequentemente, menor controle da disseminação da Covid-19.

Gerar conflitos fantasiosos, tornando os brasileiros ainda mais vulneráveis à pandemia, tem sido tarefa primordial do nosso presidente: era uma vez a cloroquina e agora tenta minar a vacina chinesa. Não conseguirá porque, felizmente, temos no Brasil quem garanta aos brasileiros a segurança no uso dos imunobiológicos (vacinas) que são: os institutos: Butantan e Bio-Manguinhos – Fiocruz, que produzem todas as vacinas do Programa Nacional de Imunização do SUS – Ministério da Saúde (PNI-MS) e que recebem o selo de segurança e eficácia da Anvisa. Vamos então, arcebispo Dom Orani, entregar a “Chama da Esperança” às instituições que garantirão ao povo, a proteção certa de que precisa, contra a Covid-19. A pira e o pódio provavelmente serão delas.

Dra. Márcia Alcântara Holanda
Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter;
Membro da Academia Cearense de Medicina
pulmocentermar@gmail.com

Fonte: O Povo

Médica Pneumologista e membro da Academia Cearense de Medicina

Publicado no O POVO Mais DE 10/11/2020

Curso Ventilação Mecânica DESCOMPLICADA – VDM 2020

Um salto na carreira dominando a Ventilação Mecânica, até mesmo para quem tem muitos anos de profissão.

As inscrições encerram em: 21/09/2020 às 23:59.

Porque você deve escolher o VMD:

Angústia, insegurança, medo. Estes são sentimentos recorrentes dentro dos seus plantões quando precisa configurar um Ventilador Mecânico? Ou que tal “Vou deixar isso para o próximo plantão resolver…”, “Ainda bem que fulano está aqui hoje pra resolver isso…”.

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