Ausência de uma molécula no organismo estaria relacionada ao surgimento da asma. A descoberta dá esperança a novos tratamentos
Apesar das inúmeras opções disponíveis na farmácia, até hoje o tratamento contra a asma continua baseado apenas no controle dos sintomas, como as tosses e as crises de falta de ar. A ausência de remédios que agem na raiz do problema se deve à carência de um conhecimento mais aprofundado sobre o que acontece em detalhes lá nos pulmões.
A boa notícia é que a ciência acaba de avançar mais um pouco nesse sentido: estudiosos do Centro de Pesquisa em Doenças Inflamatórias da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) descobriram que a falta de uma molécula conhecida por Blimp-1 é um ponto-chave no colapso das vias respiratórias.
“Isso abre a perspectiva de interferir diretamente no quadro alérgico por meio de uma vacina ou um medicamento”, vislumbra o imunologista João Santana da Silva, orientador da investigação, realizada em células humanas na bancada do laboratório e também em cobaias.
O passo seguinte será justamente desenvolver fármacos que mexam com esse processo.
Quais são as opções atuais Broncodilatador: amplia o calibre dos brônquios, tubos por onde passa o oxigênio. Na asma, eles se fecham de forma crônica.
Anti-histamínico: atua contra a inflamação em diversos processos alérgicos. Reduz a vermelhidão, a coceira e o nariz escorrendo.
Corticoide: alivia a inflamação e suprime algumas células do sistema imunológico, que funcionam de forma exagerada.
Ajustes na casa: eliminar carpetes, bichos de pelúcia e cortinas e manter os cômodos limpos ajuda a controlar as crises respiratórias.
Esse tipo de tumor, além de acumular muitas vítimas, pesa nos cofres dos governos. Um especialista traça esse cenário preocupante no Brasil e no mundo
O câncer é um dos maiores desafios do século. A doença é responsável por mais de um quarto de todos os óbitos e, até 2030, será a principal causa de morte no planeta. No congresso da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (Iarc), que ocorreu na Malásia, foram divulgadas estimativas indicando 18,1 milhões de novos casos e 9,6 milhões de falecimentos pela enfermidade só no ano de 2018.
Como é de esperar, países de renda menor sofrem mais o impacto. Em resumo, o câncer está para os tempos atuais como a peste negra esteve para a Idade Média.
Um passo para tentarmos modificar essa história é entender bem o tema, os números e os tipos de tumor. Quando somamos ambos os sexos, o câncer de pulmão é o mais comum (11,6% dos casos) e também o mais mortal (18,4% dos óbitos pela doença).
O maior promotor desse problema é, de longe, o tabagismo, que já matou 50 milhões de pessoas na última década. Se as tendências continuarem, 1 bilhão de pessoas morrerão pela exposição ao tabaco neste século, o que equivale a um falecimento a cada seis segundos.
Além de consequências que podem ser devastadoras para o doente e seus familiares, cabe salientar a repercussão coletiva da doença. Um estudo extenso do núcleo de inteligência da revista The Economist, com o qual pude contribuir, aponta que os custos diretos da assistência oncológica aumentaram muito nas duas últimas décadas.
Nos Estados Unidos, estima-se que os gastos passaram de 27 bilhões de dólares em 1990 para mais de 125 bilhões em 2010. Se os custos da atenção ao câncer crescerem 2% anualmente, os gastos projetados para 2020 serão de 174 bilhões de dólares.
No Brasil, a mesma pesquisa estimou o custo anual direto com câncer de pulmão, só pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 250 milhões de dólares. A conta no sistema privado é ainda maior, apesar de estar disponível para só parte da população. Se o SUS desembolsasse o mesmo que o sistema privado para cada paciente com tumor de pulmão, essa cifra subiria para 1,7 bilhão de dólares!
Os vários novos tratamentos na área da oncologia só serão efetivamente uma realidade se construirmos soluções que ultrapassem os desafios financeiros evidentes. Nenhuma conquista será verdadeira se não tivermos as ferramentas, incluindo a coragem, de pautarmos questões complexas, como um financiamento realista das armas que possuímos hoje contra o que deve ser o mal do século 21.
A ciência confirma o papel da atividade física na prevenção e no controle da depressão, um mal que se alastra em proporções epidêmicas
É triste dizer, mas a depressão está no ar. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem com o problema atualmente – houve um aumento de 18% entre 2005 e 2015. E a tendência é que esse número não pare de crescer. Alarmada, a própria OMS lançou um apelo aos países: é hora de todos incluírem o tema em suas políticas públicas de saúde. Acontece que não basta dar remédio a esse montão de gente que está com a mente em apuros. A solução, tanto em matéria de prevenção como no tratamento, engloba outros ajustes, como mudanças de hábito. Nesse sentido, pode apostar: teremos de suar a camisa para reverter a situação. Literalmente.
Novos estudos reforçam o poder da atividade física para o bem-estar psicológico. A ponto de o exercício virar prescrição para pessoas deprimidas (ao lado da psicoterapia e dos medicamentos). “Hoje, em toda especialidade, qualquer médico vai listar uma série de benefícios das atividades esportivas. Na psiquiatria, isso se aplica à depressão”, diz o psiquiatra Marcelo Fleck, chefe do Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Embora os impactos do esforço físico na esfera mental sejam um campo de pesquisa novo, multiplicam-se evidências de que caminhar, pedalar e malhar melhoram a qualidade de vida de quem anda pra baixo. “É provável que o efeito do exercício se aproxime muito ao dos antidepressivos”, conta Fleck.
Sabe-se que os esportes promovem a liberação de endorfina, o hormônio do prazer, e de outros neurotransmissores por trás da sensação de bem-estar. Experimentos recentes mostram que suar a camisa também estimula o crescimento de células nervosas no hipocampo, região do cérebro que rege a memória e o humor. Um alento e tanto se você pensar que essa estrutura costuma ser menor entre os sujeitos deprimidos.
Esse estímulo aos neurônios é o que ajuda a entender os reflexos positivos de longo prazo – vai muito além, portanto, da sensação imediata de prazer e dever cumprido após a academia. “A liberação de hormônios não é o que faz a pessoa melhorar. A superação da doença tem a ver com a regeneração neuronal”, revela o educador físico e doutor em psiquiatria Felipe Schuch, do Centro Universitário La Salle, em Canoas (RS). Só que esse efeito terapêutico depende de regularidade.
Ontem, dia 10 de dezembro de 2018, numa breve solenidade, no auditório da Faculdade Christus, recebi a outorga de membro da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores – Regional do Ceará (SOBRAMES-CE). Como eu, ingressaram também: o festejado literato, meu muito querido amigo, Dr. Álvaro Madeiro Leite, Dr. Thiago Studart Sindeaux e Dr. Wilcar Cavalcante Gondim. No ensejo, proferi discurso sobre a “Essência de ser médico escritor”. Compartilho com vocês essa minha alegria como pessoa que gosta muito de ouvir e observar o outro, visando a empatia que leva ao altruísmo e finalmente à compaixão. A Literatura e a Medicina têm apresentado esse laço de expressões, como poucas ciências o têem. Estou bem feliz por essa nova chance e novos compromissos para com todos ao meu redor. Abraço a todos com muita alegria.
O Setembro Roxo, mês de conscientização dessa doença, é uma boa oportunidade para ouvir, de uma paciente, sobre seus sinais e os novos tratamento
O pulmão é um dos orgãos mais comumente afetados pela fibrose cística
Tosse que não passa, suor mais salgado que o normal, pneumonia de repetição, diarreia e dificuldade para ganhar peso e estatura. Sabia que, se esses sintomas aparecerem com frequência, podem indicar fibrose cística? Só que o diagnóstico dessa doença é como um quebra-cabeça: se você não conhecer a imagem que ele vai formar no final, certamente sua montagem será mais difícil e demorada.
Até meus 23 anos de idade, eu não fazia ideia de que todos os problemas de saúde que tinha estavam interligados e significavam algo bem maior. Em média, eram cinco pneumonias por ano, além de incontáveis acessos de tosse e infecções respiratórias.
Aos 18 anos, precisei tirar duas partes do pulmão direito. Também removi a vesícula, totalmente tomada por cálculos, e parte do meu pâncreas parou de funcionar. Enfim, foram muitos problemas graves por falta de diagnóstico precoce e tratamento adequado.
Cabe ressaltar que, quando nasci, o teste do pezinho ainda não englobava a identificação da fibrose cística pelo SUS. Por isso, não passei por uma primeira triagem para detectar a doença.
Ao receber o diagnóstico, a primeira sensação foi de “luz no fim do túnel”, apesar do medo e da complexidade do tratamento. E tudo melhorou quando associei essa descoberta a um sonho que havia tido durante uma internação para tratar uma grave pneumonia no mês anterior.
Sonhei que havia fundado um grupo para ajudar gente com problemas respiratórios. Quando fui diagnosticada com a fibrose cística, juntei esse sonho à minha formação em Psicologia, à experiência em projetos e à sensação de que haviam inúmeras pessoas no Brasil passando pela mesma situação que eu. Ou que já não estavam mais aqui por falta de diagnóstico e tratamento.
Nascia aí o Unidos pela Vida, que hoje é o Instituto Brasileiro de Atenção à Fibrose Cística. O foco inicial foi tornar a doença conhecida no Brasil, de modo que pudéssemos contribuir para a busca de diagnóstico precoce e tratamento adequado. Hoje, coordenamos nacionalmente projetos ligados a comunicação, suporte, educação, pesquisa, incentivo à atividade física, desenvolvimento de outras organizações sociais e políticas públicas.
Um desses projetos é o Setembro Roxo – Mês Nacional de Conscientização da Fibrose Cística. O mês foi o escolhido porque, no dia 5, assinala-se a passagem do dia nacional de conscientização da doença, e, no 8, o dia mundial. Durante todo o mês, desenvolvemos inúmeras atividades presenciais (em 2018, são mais de 40 eventos em 36 cidades), além de centenas de ações online.
A novidade no tratamento da fibrose cística é a aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de novos medicamentos considerados “inovadores”, que ainda melhoram a qualidade de vida dos pacientes. O Orkambi foi aprovado em julho deste ano e o Kalydeco, no dia 3 de setembro. Não há nada parecido com esses remédios no mercado e, antes deles, a estratégia se resumia apenas a controlar os efeitos da doença.
Nosso trabalho é nos manter atento às novas técnicas e tudo o que precisa ser melhorado no tratamento. Acreditamos que a fibrose cística é parte do que somos, não o limite do que podemos ser. Com diagnóstico precoce e tratamento correto, o paciente tem mais chances de alcançar uma vida praticamente normal. Ele vai poder trabalhar, casar, construir uma família e viver da melhor maneira possível.
*Verônica Stasiak Bednarczuk tem fibrose cística, é formada em Psicologia e Diretora Geral e Fundadora do Instituto Unidos pela Vida