A versão saturada foi ligada a uma maior probabilidade de ter esse problema. Mas outras até nos protegeriam desse tumor
Com o objetivo de investigar a relação entre dieta e câncer de pulmão, cientistas americanos, europeus e asiáticos tomaram fôlego e revisaram 10 estudos, totalizando quase 1,5 milhão de voluntários. Coincidência ou não, o cardápio de boa parte dos participantes diagnosticados com tumores nesse órgão continha uma quantidade superior de gordura saturada, presente na carne vermelha e na manteiga, por exemplo. Colocando na ponta do lápis, o excesso desse nutriente foi atrelado a um risco 14% maior de desenvolver a enfermidade.
Essa associação foi especialmente intrigante quando os experts esmiuçaram os hábitos alimentares dos fumantes. Entre eles, fartas doses de gordura saturada catapultaram a probabilidade de ter um tumor de pulmão em 23%, quando comparados a quem largou o cigarro ou nunca fumou. O índice, como você pode perceber, é significativamente maior do que o outro já mencionado — mas os motivos disso são um mistério.
“Apesar de a pesquisa não ser a palavra final para estabelecer essa relação como definitiva, reforça os resultados de trabalhos anteriores”, comentou, em comunicado à imprensa, o oncologista Fabiano Souza, do Hospital do Câncer Mãe de Deus, no Rio Grande do Sul.
Outro achado da revisão esquenta ainda mais o debate sobre gordura e câncer. Em resumo, substituir 5% da gordura saturada consumida diariamente pela versão poli-insaturada, encontrada nos peixes e nas oleaginosas, representaria uma chance 17% maior de não sofrer com esse câncer. Dito de outra forma, o tipo de gordura ingerida importa.
Em geral, os especialistas preconizam valorizar as fontes das versões insaturadas e maneirar nas saturadas. Já a gordura trans — ainda presente em certos sorvetes e bolachas — nem deveria entrar no cardápio tamanho os estragos que provoca.
Por Vand Vieira