Microcefalia: luzinhas no fim do túnel

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“Tenho insistido na idealização e possível criação e aplicação de um programa de controle da epidemia de microcefalia além das viroses dengue e chikungunya.”

Depois de ter publicado, escrito e debatido sobre os meios de controle do ciclo epidemiológico do Aedes aegypti no O POVO de 9/12/2015 e nos Debates do POVO da Rádio O POVO CBN em 10/13/2015, fui bastante solicitada a explicar melhor como se faz esse controle, firmando uma parceria entre Governo e cidadãos.

A frequência da microcefalia cresce de modo exponencial e leva à desolação, ao se pensar no sofrimento dessas crianças e de seus pais, nessa e nas próximas gerações sob o fardo dessa doença.

Temos atualmente algumas ferramentas que, bem trabalhadas, chegarão um dia a controlar o vetor dessas viroses (dengue, chikungunya e zika) que ora grassam entre nós:

1 – Vacina contra dengue que está em fase final de validação e liberação para a população;

2 – A criação de mosquitos transgênicos que, lançados em áreas de grandes populações de mosquitos selvagens, copulariam com esses e as próximas proles seriam inviáveis, reduzindo assim a população do Aedes;

3 – A disseminação de mosquitos contaminados com a bactéria wolbachia. Esses copulariam com os selvagens e disseminariam ainda mais a bactéria que inibe a reprodução de fêmeas selvagens e, suas proles seriam resistentes aos vírus da dengue, chikungunya e zika;

4 – É a hipótese tratada no artigo e nos debates acima referidos, que colocada sob a forma de uma “receita do bolo”, seria assim:

4.1 – Formar uma Força-Tarefa Governo & Povo (FTGP), composta por representantes de todas as Secretarias de Estado e representantes de associações comunitárias;

4.2 – Em um seminário discutiriam o modelo básico das informações que seriam trabalhadas junto ao povo e ações que cada secretaria poderia realizar contra o mosquito;

4.3 – Uma vez estabelecidos os informes essenciais, criariam um modelo de comunicação (sob orientação básica de um comunicador/educador de massa, de grupo e individual) com abrangência completa da população, inclusive para analfabetos, surdos e deficientes visuais, incluindo pessoas com outras deficiências;

4.4 – Mapeamento de áreas de risco por onde se iniciaria a formação de grupos;

4.5 – Criação de grupos da comunidade de cada bairro e, concomitantemente, de cada quarteirão – usando as redes sociais e rádios das comunidades;

4.6 – Uma comissão de avaliação verificaria como seria o comportamento do Aedes antes e depois dessa intervenção;

4.7 – Todo o processo seria apresentado à população via mídia falada escrita e televisada nos horários nobres inclusive nos programas policiais.

Para entender esse modelo de parceira Governo&Povo, lembro o livro “Conscientização”, de Paulo Freire, que dá a ideia de quão ampla e poderosa é a conscientização crítica sobre uma realidade e quanto podemos mudá-la. Também um bom roteiro poderá ser encontrado no Check List Manifesto, de Atul Gawande, para esse processo organizacional.

Pelo espectro aqui apresentado, vejo várias luzinhas no fim do túnel contra a microcefalia, que, se as juntarmos todas, teremos a luz desejada para o controle dessas doenças.

Artigo importante sobre o assunto: mdpi.com

03 Dezembro 2015 – Fonte: O povo
Foto: AratuOnline

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