Saudação proferida por Márcia Alcântara Holanda por ocasião da entrega de Diploma do Mérito Ético Profissional pelo Conselho Federal de Medicina a 39 formandos de 1966
Fortaleza, 09 de novembro de 2016
Ilustríssimo Senhor, Doutor Ivan de Araújo Moura Fé, Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará; Senhores membros da Diretoria e Conselheiros dessa Instituição, Autoridades presentes, Senhoras e Senhores, meus colegas, Boa noite.
Ao deparar-me com o convite, partido do Conselho Regional de Medicina do Estado do Ceará, para receber o diploma de “Mérito Ético Profissional”, juntamente com mais trinta e nove colegas, formados no ano de 1966, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará e por outras escolas médicas, sentimo-nos honrados e com aquela sublime sensação de que cumprimos nosso dever enquanto médicos, e que o juramento de Hipócrates, que prestamos com entusiasmo em alto e bom tom, naquele dezembro de 1966, fora observado integralmente por todos nós hoje, aqui, recebendo esse louvor que nos proporciona o nosso Conselho Regional de Medicina.
Isso significa que exercemos, por cinquenta anos, nossa profissão, sem termos sofrido sanções ético-profissionais de quaisquer naturezas.
O percurso foi longo, a estrada sinuosa, com subidas e descidas íngremes, às vezes bloqueadas por muros quase intransponíveis, que frequentemente exigiam esforços hercúleos para que pudéssemos atingir essa linha de chegada, com direito aos louros que hora esse Conselho nos outorga.
Em nenhum momento desistimos de cumprir nosso dever para com o outro, no nosso caso, o paciente, e nem de nos mantermos íntegros, enquanto simples seres que somos.
Os triunfos e as glórias chegaram, do mesmo modo, a cada dificuldade vencida em prol do nosso trabalho, com resultados plenos e embasados, acima de tudo, no cuidado supremo para com o próximo: pacientes, pais, irmãos, família e sociedade.
Esse diploma é uma espécie de indulgência plena, graças ao compromisso e lisura de nossos atos médicos, observados no decorrer desses cinquenta anos de atividade.
Somos então um grupo em evolução constante e, como tal, a diversidade de especialidades e modos de exercê-las são muito grandes.
Entretanto, os preceitos hipocráticos que envolvem sabedoria, conhecimento e arte, no nosso trabalho diário, o clímax da prática médica, com foro na ciência e tecnologia como: terapias genéticas, feitos da Telemedicina, capazes de intervenções virtuais e seguras, à distância; sistemáticas de atendimento que seguem rigorosamente os afamados “checklists”’, capazes de levar a erro zero a diagnósticos e tratamentos, especialmente em cirurgia; terapias biológicas que muitas vezes a curam canceres, por exemplo, colocam-nos unidos e cada vez mais aptos a conviver harmonicamente com a crescente necessidade de cuidados mais aprimorados para com os que de nós precisam.
Usamos hoje, de modo abrangente, os motes oferecidos por “Ares, Água e Lugares” de Hipócrates, o estetoscópio de Laennec, que nunca pode ser substituído por nenhum outro instrumento de ausculta, principalmente de coração e pulmões, e que se apresenta, sintomaticamente em posição de disponibilidade absoluta na capa do mavioso e necessário livro de Martinho Rodrigues, o Medicina A Ultima Profissão Romântica, e muitos outros crescentes recursos da Ciência Médica atual aqui já citados.
Estamos agora, todos nós homenageados, formados em 1966, inseridos nos mundos da Medicina Preventiva, do Trabalho e Meio Ambiente, da evolução dos transplantes, curas de cânceres, intervenções robóticas, desenvolvimento saudável de nossas crianças, envelhecimento propício ao bem viver, sempre atentos às novas sistematizações, cada dia mais instrumentalizadas de diagnósticos, tratamentos e curas dos nossos males, usando todo esse complexo de conhecimentos e práticas com um toque de ternura, própria dos anos sessenta.
Essa Turma de 1966 poderá então repetir a frase final do juramento de Hipócrates:
“Se nós cumprirmos esse juramento com fidelidade, que nos seja dado gozar felizmente da vida e da nossa profissão, honrados para sempre entre os homens; se dele nos afastarmos ou o infringirmos, o contrário nos aconteça”.
E nós cumprimos.
Obrigada
Dra. Márcia Alcantara Holanda
Médica pneumologista; coordenadora do Pulmocenter; membro da Academia Cearense de Medicina
Coordenadora da Comissão de Asma da SCPT
pulmocentermar@gmail.com
Mirar- se nesse belo exemplo é preciso, doutores de hoje!