Com a temporada de ventos chega também uma série de alergias e doenças respiratórias. Médicos alertam que cuidados devem ser redobrados.
O pequeno Álvaro Rodrigues, de seis meses, impacientava-se no colo da mãe, a dona de casa Ana Quécia, 19, enquanto recebia o aerossol. O menino, atendido no Centro de Atendimento à Criança Lúcia de Fátima, recebia o tratamento para o primeiro resfriado. De nariz escorrendo, tosse seca e febre, Álvaro foi vítima da temporada dos ventos. “O vento forte traz a poeira para dentro de casa, daí o menino ficou assim”, comenta a mãe.
Como Álvaro, outras pessoas, principalmente crianças, adolescentes e idosos, segundo a médica Adriana Paula Matos, do Programa Saúde da Família, sofrem, nesta época do ano, com enfermidades que atingem as vias respiratórias. “Os ventos e as mudanças climáticas – a temperatura fica mais amena – fazem com que os atendimentos aumentem cerca de 15%”, estima a médica. Ela explica que, por conta dos ventos, vírus, poeira, pólen de flores circulam mais e, assim, acometem mais pessoas.
O estudante João Pedro Barros, 11, já apresenta um histórico de doenças respiratórias. Os sintomas dos resfriados, que às vezes evoluem para uma pneumonia, acompanham o menino e, para a mãe, a empresária Danielle Barro de Lima, 35, a preocupação aumenta ainda mais quando chega agosto. “A ventania chega e eu já sei logo. E quando ele está assim nem mando pra escola, pode piorar, e já procuro o médico”, explica a empresária.
A médica pneumologista, integrante do Conselho Consultivo da Global Initiative in Asthma, Márcia Alcantara explica que, para os alérgicos, o período é ainda pior. “Alérgicos são bem mais susceptíveis, porque o estímulo do vento abrupto e frio estimula a resposta das vias aéreas, provocando reações como rinite, tosse persistente e até crises de asma”.
A pneumologista explica que essas doenças são portas de entrada no sistema imunológico para infecções mais sérias e que, por isso, o vento, tão bem-vindo para diminuir o calor, deve ser evitado sempre que possível. “Os resfriados também levam, às vezes, à instalação de pneumonias. Exacerbam-se com frequência as bronquites crônicas”, avalia. Para a médica Adriana, alguns cuidados são imprescindíveis. “Não dá pra parar o vento. Mas se pode evitar espaços com aglomeração de pessoas, tomar bastante líquido, e fortalecer o organismo com boa alimentação, rica em vitamina C”, enumera a médica.
Ventos
De acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), por meio de sua assessoria, os ventos ainda serão intensificados até chegar ao pico em setembro, podendo atingir 50km/h. Até dezembro, as médias de velocidade permanecem elevadas. As causas, segundo o órgão, são “um deslocamento do Sistema de Alta Pressão Atmosférica do Atlântico Sul, típico dessa época do ano”. Nesse período, as temperaturas – que podiam passar dos 32°C em maio e junho – também se tornam “mais agradáveis” e ficam entre 29°C e 30°C.
Dicas:
PARA PREVENIR
1. Ao invés de varrer a casa e espalhar a poeira, a indicação é passar um pano molhado. Ao passar a vassoura, a poeira é espalhada;
2. Não usar produtos com cheiro muito ativo. Desinfetantes e detergentes com cheiro fortes são mais fáceis de provocar alergia;
3. Evitar bichinhos e outros objetos de pelúcia;
4. Investir nos alimentos ricos em vitamina C, como caju, laranja e acerola, que aumentam a imunidade do organismo;
5. Beber bastante água;
6. Evitar ficar em ambientes fechados junto com indivíduos gripados ou resfriados, ou mesmo em espaços com aglomerações de pessoas;
7. Evitar ficar molhado após banhos de piscinas ou mar;
8. Evitar dormir com corrente de ar direto sobre o corpo.
PARA REMEDIAR
1. Com as crianças, depois de acometidas é preciso evitar o contato nos primeiros dias com outras crianças
2. Procurar atendimento médico
3. Repouso
4. Boa alimentação e hidratação
5. Em caso de piora, tomar antibiótico prescrito
Dra. Márcia Alcantara Holanda
Médica Pneumologista
Coordenadora da Comissão de Asma da SCPT
pulmocentermar@gmail.com
Fonte: O povo